quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

DE AMOR EM AMOR

Minha visão de mãe, na raiz da infância
É de uma mulher estudando com livros enormes
Fazendo rabiscos num caderno que eu não entendia
Podiam ser letras, ou uma melodia na partitura
E ela o fazia com tanta candura que eu tentava imitar
Ainda não sabia escrever, mas desenhava as rasuras
Construindo emendas e arriscando o ato de riscar

Aquela mulher tão mergulhada em livros
Podia ser que não tinha tempo de nada
Mas nunca me negava um sorriso
Num breve momento em que eu me aproximava
Ela parava o que fazia e me incentivava a escrever
Mas meu pai, seu guarda-costas, não deixava
Que o fã atrapalhasse a estrela em seu espetáculo

Eu admirava aquela mulher de longe
Não com o coração distante, mas miudeza gritante
Tão pequeno que eu era diante da imagem fabulosa
Menor que seus livros, aos pés da mesa gigante
E ela sempre me sorria como se abre uma rosa

Estudiosa, religiosa, formosa, minha mãe, essa flor
Que me contava contos de fadas e muitas histórias
E me estimulava a subir escada por um pote de mel
Talvez para o topo de um monte chamado memória
Sempre com uma novidade, "hoje tem festa no céu"

Diz o evangelho que há muita alegria no Alto
Quando um pecador se arrepende do seu pecado
Sem querer ser promotor de um celestial evento
Minha mãe foi usada para o meu arrependimento
Não só por crer na festa, mas por tê-la desejado

Uma festa de milagres, doçuras do nosso Senhor
Com o amor de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro
Ensinou-me a buscar, dia a dia, pelo amor de Deus
Perpétua me levou a Jesus Cristo, por quem morro
Um Senhor apaixonado, que se entrega aos Seus


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