Abre-te, astro do infinito peito
Abre-te âmago de fino manto
Como se tu fosses pálpebras
Abre-te com um sorriso santo
Abre-te como janela na manhã
Abre-te baú de breves quimeras
Abre-te broto à luz da Primavera
Abre-te bojo, esse estojo de lã
Foi-se com o pranto a tristeza
Rio abaixo, as lágrimas claras
Irrigaram solos, inundaram poros
Hidrataram as terras ásperas
Derreteste em fogo de fornalha
Nas confissões foram impurezas
Vieram com as preces amores
Valores que Deus põe na certeza
És agora tão macio e aquecido
De carne, enfim humano, sensível
Guarda-te refrigerado, protegido
Na mão do Deus do amor incrível
SOBRE O AMOR
Esquece o amor romântico egoísta
Não nutre em tuas entranhas isso
Valioso é o teu impulso ao serviço
Entrega-te ao teu próximo à vista
Considera-o senhor, nele, o Salvador
Serve-o sem poupar, serve com amor
Nenhum saudosismo ou nostalgia
Haverá de dar o tom da batucada
Bate sem arroubos nem roubadas
Bate com fé e esplendor de ternura
Jorra esse amor, inesgotável fonte
Ligada ao Salvador, no Seu monte
OS SONHOS
Os teus desejos profundos, legítimos
Missões por nosso Deus plantadas
Visões do teu íntimo, tido em vigor
Toda essa sede de justiça e de amor
Descansa a esperança na esplanada
O Senhor te consola em doce abraço
Aquece todos esses sonhos e espera
Logo depois do deserto, depois do rio
Um dia, depois de vencido o desafio
Quem sabe, em generosa primavera
O Senhor te dará a vitória sobre o mal
E resplandecerá em ti a glória e a paz
Por amor ao nome de Deus, nosso Pai
Serás um coração puro, que jamais cai
Nunca mais te desviarás, nunca mais
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