Estou no interior de uma caverna
Na mais úmida e envolvente humildade
Que inunda o exílio, na tenebrosa cidade
E mina lágrimas da cavidade interna
Estou no interior do escuro, nas trevas
Quem seria capaz de arriscar mergulho
Para lapidar-me da casca de pedregulho
E me resgatar para fora da densa esfera
No fundo do fundo, no interior, assim
Preso aos medos sem fim, cá embaixo
Já estou faz tempo, rocim, cabisbaixo
E acho que não sei o que será de mim
Quantas vezes devo respirar? Eu clamo!
Para não terminar o ar nem a esperança
Se amo, estou vivo, e ainda sou criança
Mas a fome que me come? Onde derramo?
A pedra desta montanha pesada e fria
Seria mais dura que minha persistência?
Se de pedra não se espera condescendência
Que tanto espero nas curvas da poesia?
Que luz no peito é essa, de retoque fino?
Uma centelha me mantém vivo, logo respiro
Do âmago dessa luz a esperança eu tiro
Na fé que me faz viver, desde uterino
Mesmo na escuridão, aguardo o socorro
Que vem do Senhor que criou a montanha
É pela fé que eu sei que o bem ganha
E me deu a vida e, por essa vida, eu morro