domingo, 22 de abril de 2018

NO TEATRO DA VIDA

Os papéis na vida são distribuídos
Conforme a fé e o dom de discernir
Se, no meio da vida, alguém evoluir
A um melhor texto o ator é escolhido

Tem promoção, ganha novo papel
Um figurante pode ser protagonista
Se, durante a vida, cresce o artista
Sua alma ganha luz, e o ator, o céu

O melhor script é semear o amor
Espalhar esperança, refletir a luz
Só será possível, ao seguir Jesus
Barro mole nas mãos do Senhor

Há que se conhecer em integridade
Para melhorar cada um o seu papel
E saber que a essência é puro mel
Tem amor e, portanto, a eternidade

A gente quer na carreira o máximo
Mas o real trabalho é a vida nossa
Em fazer todo o bem que se possa
Elevar-se para enriquecer o próximo

Se alguém se distrai e erra o passo
Logo é recrutado para o pior roteiro
O de trair, matar, mentir e ser ligeiro
E quem manda fazer quer o colapso

O melhor é buscar o Autor da vida
E com humildade, arrepender-se
Por toda vez que não soube ler-se
E foi vilão, à beira da despedida

A gratidão é o que faz o ator brilhar
Pois não xinga o roteiro no suspense
Nem resmunga quando o vilão vence
Pois esta peça falta muito para acabar



sexta-feira, 20 de abril de 2018

TEATRO SEM FIM

Essa face de alfaces rosas
Um tipo trans de alho poró
Com curvo bigode amarelo
De lembrar Hercule Poirot

Leva-nos a uma dedução
Digna de Agatha Christie
Que há um teatro no mato
Com enredos nada tristes

Aliás, nada mais hilariante
Que esse talento evidente
Delineando várias variantes
Das caricaturas de gente

Orquestram em atos atores
Orquídeas em contracenas
Os ventos as dirigem sem pena
E tiram até pedra das flores

Eu sugiro ao público, assim...

Que atente, em algum jardim
Para o teatro de pleno deleite
Flores tirando de pedra leite
E ninguém as vê dizerem "fim"



SORRISO DE FLOR

Mais que as imagens dos santos
Até mais do que o versículo declama
Quando vejo flores assim tão belas
E a candura do sorriso sincero delas
Eu suspiro: "como Deus nos ama"!!!

Noto o carinho das mãos do Criador
Modelando com zelo vivíssimo modelo
Dotando-o de perfume e formosura
Vê-se o Seu amor em feição tão pura
Até na cor que escolhe emprega o selo

A marca de afeto do nosso Deus vivo
Tão viva, quanto no verdadeiro amor
Da virtuosa moça, que a fé completa
De sonhos e da luz de Deus, repleta
Toda ternura tem esse sorriso de flor


quinta-feira, 19 de abril de 2018

ASAS E RAÍZES

A leveza é a sensatez de asas
Pousada, amena, na delicadeza
Diligente e urgente sem rapidez
Cada dia, vivendo como um ano
Tocando-se como a um piano
Num balé de dedos sobre a tez

Bailando a língua em português
Na conversa de abraçar e cerzir
De amarrar as almas, sem ferir
Fincando as plumas na solidez
Meia dúzia é bem mais que seis
Numa conta de um mútuo servir

Saber-se livre num muito amor
Exalando um olor ao discernir
Que a paz enfim se enraizou
Com a leveza azul que faz luzir
No olhar e no perfume de flor
Por poder voar, mas jamais ir


BEIJA-AMOR

Pelo meu faro, o teu perfume
Não passa sem que eu perceba
As muitas outras do mar de rosas
Até parecem flores soberbas

Se observadas nas redondezas
Perante o decoro e a doçura
Que fazem de ti a flor mais pura
E apura no filtro a luz da beleza

A mesma que brilha naquela
Em que o sublime olor difere
Fera afagando, sem ferir a pele
Invadindo a alma pela janela

Sinto a presença na esperança
Com olhos da fé, vejo teu vulto
Ainda sem ver, pressinto o olhar
E o sorriso lindo no semblante justo


quinta-feira, 12 de abril de 2018

DEUS É FIEL

Meio dia, dentro do carro, ante a praia
Sol a pino, eu gritei e Deus me ouviu
Céu azul, dia claro, e o olhar turvo
Meu clamor ecoou no mundo surdo
Tanta gente na cidade, só Deus me viu

O improvável aconteceu, na urgência
Um socorro em minutos me foi dado
Certo servo, bem guiado pelo Senhor
Ele me fez uma pergunta que pairou
Sobre o cerne e iluminou: tudo errado

Este pobre, entretanto, não entendeu
Apesar de declarar-se do Senhor Jesus
Continuou desleixado e sem prudência
Parecia que tinha perdido a inteligência
E chorava muito, sem amor e sem luz

Mais sofrimento e muita dor, lamentáveis
Cultivados pelas próprias transgressões
Até que Deus anunciou ao meu acanho
Uma pá para eu desenterrar meu sonho
Foi numa noite de turbilhão de emoções

Daí em diante, eu devorava o evangelho
Com olhos ávidos pela verdade aliviante
E estreava enfim um maior entendimento
Que precedeu o mais necessário evento
Da consequência indesejável e chocante

Fui parar no fundo do poço, arrasado
Porém, com a fé e a esperança nutridas
Foi que enfim eu me entreguei ao Senhor
Completamente necessitado do Seu amor
Repleto da dependência, então entendida

Depois de meses de um bom aprendizado
Minha volta inusitada (que Casa é essa?)
Em que de novo o sacerdote me apontou
Disse: “foi o Espírito de Deus que indicou”
Na multidão e confirmou Suas promessas

Disse que Deus viu o esforço que eu fazia
E que iria me abençoar, abundamente
Enumerou tanta coisa ante o meu pranto
Que eu nem ouvi a maioria, pois era tanto
Eu me derretia, com gratidão ascendente

E hoje, quando uma boa amiga me disse
Uma coisa boa de guardar, eu me lembrei
De repente, veio-me toda a história à mente
Ajoelhei-me e agradeci, e até mais crente
Faço este poema para registrar que eu sei

Eu sei, ó, meu Senhor: Tu és fiel
E nos amas infinito e eternamente