segunda-feira, 2 de abril de 2018

EM OBRAS

Lembro-me do fogo da ansiedade
Sem um refresco e sem piedade
Queimando a minha pele suada

Lembro-me da insegurança diária
E da raiva de ser nada, um pária
O medo da morte ou da escassez

Lembro-me do inferno em que vivia
E nem tinha noção do quanto sofria
Até sair da situação e vê-la de fora

Até observar que aquela realidade
Feita a partir de ilusões, era falsa
Reinado cruel e tirano, cuja pauta
Era não permitir a minha felicidade

Eu não podia sair de tal cativeiro
Pássaro em viveiro, fugir do Egito
Mas como os hebreus, foi-me dito

“Deus arrumou uma pá para você
Desenterrar seu sonho”, e eu cri
Amei ao Senhor, assim não morri

A cavar o coração em busca do ouro
Muita impureza, não achava o tesouro
O sonho só podia estar bem no fundo

Sem Jesus, nem em pensamentos
Foi preciso limpar, remover o entulho
Dia e noite de tristes arrependimentos
Em muitas camadas de duro orgulho

Ainda escavando, quase chegando lá
Porém, muito feliz e já podendo cantar
Em plena vitória do bom sentimento

Mas como ainda não acabamos, meço
Que haja transtornos e, portanto, peço
Desculpas aos próximos pelo tormento




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