domingo, 26 de novembro de 2017

PELAS AUTORIDADES

Querido Deus, Pai amado
Eu quero dizer ao Senhor
Do fundo, com todo amor
Meu claro muito obrigado

Quero dedicar toda a vida
Aos Vossos propósitos bons
À Vossa obra, gestos e sons
Tudo em mim, sob Vossa lida

Fora de Vós, nada existe
A vida é oca, só há mentira
Se não Vos ouve, não pratica
Não tem amor, anda triste

Livrai-nos, Deus, das trevas
E, assim, de todos os males
Reine a Paz nos nossos lares
Vosso Reino o povo espera

Sim, no Brasil, sofremos muito
Não são os recursos somente
Roubam esperanças, mentem
O mínimo respeito é fortuito

O Senhor pode na paz resolver
Antes que o caos estabeleça
As autoridades, à Vossa destra
Assumam o espírito de obedecer


sábado, 25 de novembro de 2017

PERDOAR É PERDER

Salva-me da mágoa, Senhor
E dos maus pensamentos
Do cerco de coisas medonhas
Das emoções de tormento

Desviei meus olhos de Ti
E os perdi no que não é fiel
Senti na boca o gosto de féu
Perdoar eu quero, mas sofri

No fundo, não sei se sei perder
Lá onde não sei se dissipou
Preciso demais do Seu amor
Inundando de alívio o meu ser

O auto-engano nos desarma
Dar como certo e superado algo
Mas quando perdoo, eu que pago
E se o orgulho ancorou na alma?

Mas perdoar e esquecer, eu quero
Peço que me mostre essa saída
Nem que custe esta neblina de vida
Não é perdão se não for sincero

Sou apressado para absolver
E receio ser um gesto superficial
O Senhor me defenda no Tribunal
Mas me ajude no necessário perder


segunda-feira, 13 de novembro de 2017

PACIÊNCIA É DO AMOR

Quantas vezes trai o amor de Deus
Viajando em sentimentos, na poesia
Na ilusão de ter boca para ir a Roma
Mas fugindo da realidade, em coma
Sem saber, servindo cego à apostasia

Tende piedade de mim, ó, meu Senhor
Perdoai e me corrigi com Vosso amor

Com olhos de proprietário, como otário
Várias vezes, imprudente, olhei o alheio
Sem me dar conta da minha estatura
Pensando ser suficiente toda a ternura
Em descida, eu era caminhão sem freio

Tende piedade de mim, ó, meu Senhor
Perdoai e me corrigi com Vosso amor

Eu não via e Jesus, elegante, não abria
Para eu não sair de supetão do estupor
Porque a falsa ideia, o espelho forjado
Servia de unguento ao peito machucado
Para dar tempo de suturar, Deus cuidou

Obrigado, ó, Senhor, pelo Vosso amor
Pela paciência e por cuidar da nossa dor

De nada sei e nem preciso saber, de fato
Porque temos um Deus que nos ama
Atenderá todos os desejos do coração
E enxugará as lágrimas com Sua mão
E Sua justiça manterá acesa a chama

Obrigado, ó, Senhor, pelo Vosso amor
Pela paciência e por cuidar da nossa dor


domingo, 5 de novembro de 2017

O PERDÃO LAPIDA

Tão sensível é a pele
De quem valoriza a vida
Que não falta o que rele
E até uma brisa o lapida

Quem realmente ama
Com nada se assombra
Sóbrio, rejeita a sombra
Mantém-se puro na lama

Um tropeço o disciplina
Uma queda lhe faz forte
O bem é a falta de sorte
Porque muito lhe ensina

Cada pedra do caminho
Tem convincente motivo
Amar uma flor nos faz vivo
E a mais linda tem espinho

Mas quem teme uma dor
E congela seus sensores
Furta-se até de ver flores
E, mais até, foge do amor

Tudo o que dói fortalece
Muitas vezes, até nos limpa
A experiência difícil, ímpar
Arde, mas a fé resplandece

Igualmente, a boa palavra
De amor, dita na hora certa
Nutre e motiva um poeta
Pois o carinho também lavra

Jesus nos dá graça e paz
Que nos habilitam a perdoar
Ensina-nos também a amar
Na caridade, doando mais

O sofrimento da vida produz
Pela fé, os frutos mais doces
Aperfeiçoa os perdoadores
Os que tomam a sua cruz

Não há que buscar saciar
A sede e a fome de justiça
Quem suporta nunca atiça
Preserva a paz, a esperar

A disposição para perdoar
Sinaliza o barro para a arte
Maleável, favorece arremate
Deus nos disciplina por amar

Admitir os erros é cuidado
Pois perdoa quem tem fé
Sabe que é igual, e mister
Perdoar para ser perdoado


sábado, 4 de novembro de 2017

FOLHAS QUE VOAM

Olhai Seus filhos, ó, Senhor
Perdoai as folhas que caem
Imprudentes folhas de outono
Que se desprendem do ramo

Folhas que viram bolhas no ar
Filhos feito milho, que pipocam
Parecem dançar, mas se chocam
Sem harmonia, imaginando amar

Por piedade é que eu clamo
Pelos filhos mais imprudentes
Que, mesmo assim sorridentes
Em plena secura, sem plano

Desligados de Ti, podem nada
Nenhuma vida em si possuem
Carecem dos sucos que fluem
No Vosso cerne, Videira amada

Achai-os no breu dessa noite fria
Resgatai-os já, ou de madrugada
Puxai-os do destino da fornalha
E aqueçai-os com o calor do dia

Com a luz que sois Vós, tão clara
Projetai esse fulgor que revigora
Rogo a Vós por eles, nesta hora
Em que lamento por quem errara

Na escolha que divide as águas
Do erro mau que parece coragem
A triste partida da folha na aragem
Sem saber, por revoltas e mágoas

Rebeldia muito cara para a alma
Compassivo Senhor, tende piedade
E os recolhei para a vital verdade
A essa religação amorosa e calma

Promovei a eles uma santa aura
Que os sopre no oposto sentido
E os puxe de volta, arrependidos
Para a Vossa mão de doce palma


FALTA-ME LEALDADE

Que miserável homem sem freio
Que, se quer ser alguém, nada é
Que não é digno nem da mulher
Se acha que algo sabe, erra feio

O bobo cultiva em terreno alheio
Quando se dá conta, perde tudo
Sou esse que deixa cair escudo
Que não atenta ao próprio receio

Peço a Deus que me salve de mim
Assim, não sei onde poderia parar
Sem o amparo de Deus a me amar
Lá, no alto mar, numa maré sem fim

Que miserável homem que eu sou
Fosse menos indigno, seria feliz
Não sou preto no branco, mas de gis
Sem amor e Infiel ao meu Salvador

Perdoa-me, Senhor, tem piedade
Alivia-me dessa dor massacrante
Alma impura, corpo deselegante
Quero amar, mas me falta lealdade


sexta-feira, 3 de novembro de 2017

SOPRO DE AFETO

Ah, meu Senhor, que brisa essa
Esse frescor com um fio de gelo
Afago de mãos carinhosas e zelo
Sopro de afeto, a doce promessa

Vossos cuidados de Pai amoroso
Movem o ar que perambula a pele
E mimam a alma que se aquece
No silêncio que, enternecido, ouço

Que todos sintam o Vosso conforto
Jamais sentido em corpo, no mundo
Porém intenso, no interior, no fundo

A paz do Senhor me deixa absorto
Ao passo que, quanto mais morto
Mais vivo leve, afável e profundo


quinta-feira, 2 de novembro de 2017

AS FLORES DO CORAÇÃO

Creio que a poesia é a ferramenta
Que nos habilita como jardineiro
A cuidar das flores que Deus planta
No coração, um canteiro que canta
E canalizar em versos o seu cheiro

Mas que cultivador desajeitado sou
Que ao regar, erro a mão e inundo
Exagero e gero lagos, largos mares
Volume de deixar as flores sem ares
Não é lágrima o que lanço ao mundo

São ondas dessas águas agitadas
Que afogam as flores e os perfumes
Todo um jardim florido, debaixo d'água
Queria ser um encanador de mágoas
Ou, em vez de amador, um vagalume

Decididamente, por mais que as ame
Não controlo a invasão de espinheiros
Na hora de podar, até socorro eu peço
Porque, volta e meia, eu erro e tropeço
Que Deus me ajude com o urtigueiro

Somente a esperança, perseverança
Que é da fidelidade própria do Senhor
Anima-me a continuar fazendo poesia
Que pode fazer jus às flores, um dia
E habilitar minhas mãos a esse amor

Meu desajeito parece até não ter jeito
Mas o meu peito continua cheio de flor