Olhai Seus filhos, ó, Senhor
Perdoai as folhas que caem
Imprudentes folhas de outono
Que se desprendem do ramo
Folhas que viram bolhas no ar
Filhos feito milho, que pipocam
Parecem dançar, mas se chocam
Sem harmonia, imaginando amar
Por piedade é que eu clamo
Pelos filhos mais imprudentes
Que, mesmo assim sorridentes
Em plena secura, sem plano
Desligados de Ti, podem nada
Nenhuma vida em si possuem
Carecem dos sucos que fluem
No Vosso cerne, Videira amada
Achai-os no breu dessa noite fria
Resgatai-os já, ou de madrugada
Puxai-os do destino da fornalha
E aqueçai-os com o calor do dia
Com a luz que sois Vós, tão clara
Projetai esse fulgor que revigora
Rogo a Vós por eles, nesta hora
Em que lamento por quem errara
Na escolha que divide as águas
Do erro mau que parece coragem
A triste partida da folha na aragem
Sem saber, por revoltas e mágoas
Rebeldia muito cara para a alma
Compassivo Senhor, tende piedade
E os recolhei para a vital verdade
A essa religação amorosa e calma
Promovei a eles uma santa aura
Que os sopre no oposto sentido
E os puxe de volta, arrependidos
Para a Vossa mão de doce palma
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