domingo, 5 de novembro de 2017

O PERDÃO LAPIDA

Tão sensível é a pele
De quem valoriza a vida
Que não falta o que rele
E até uma brisa o lapida

Quem realmente ama
Com nada se assombra
Sóbrio, rejeita a sombra
Mantém-se puro na lama

Um tropeço o disciplina
Uma queda lhe faz forte
O bem é a falta de sorte
Porque muito lhe ensina

Cada pedra do caminho
Tem convincente motivo
Amar uma flor nos faz vivo
E a mais linda tem espinho

Mas quem teme uma dor
E congela seus sensores
Furta-se até de ver flores
E, mais até, foge do amor

Tudo o que dói fortalece
Muitas vezes, até nos limpa
A experiência difícil, ímpar
Arde, mas a fé resplandece

Igualmente, a boa palavra
De amor, dita na hora certa
Nutre e motiva um poeta
Pois o carinho também lavra

Jesus nos dá graça e paz
Que nos habilitam a perdoar
Ensina-nos também a amar
Na caridade, doando mais

O sofrimento da vida produz
Pela fé, os frutos mais doces
Aperfeiçoa os perdoadores
Os que tomam a sua cruz

Não há que buscar saciar
A sede e a fome de justiça
Quem suporta nunca atiça
Preserva a paz, a esperar

A disposição para perdoar
Sinaliza o barro para a arte
Maleável, favorece arremate
Deus nos disciplina por amar

Admitir os erros é cuidado
Pois perdoa quem tem fé
Sabe que é igual, e mister
Perdoar para ser perdoado


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