Creio que a poesia é a ferramenta
Que nos habilita como jardineiro
A cuidar das flores que Deus planta
No coração, um canteiro que canta
E canalizar em versos o seu cheiro
Mas que cultivador desajeitado sou
Que ao regar, erro a mão e inundo
Exagero e gero lagos, largos mares
Volume de deixar as flores sem ares
Não é lágrima o que lanço ao mundo
São ondas dessas águas agitadas
Que afogam as flores e os perfumes
Todo um jardim florido, debaixo d'água
Queria ser um encanador de mágoas
Ou, em vez de amador, um vagalume
Decididamente, por mais que as ame
Não controlo a invasão de espinheiros
Na hora de podar, até socorro eu peço
Porque, volta e meia, eu erro e tropeço
Que Deus me ajude com o urtigueiro
Somente a esperança, perseverança
Que é da fidelidade própria do Senhor
Anima-me a continuar fazendo poesia
Que pode fazer jus às flores, um dia
E habilitar minhas mãos a esse amor
Meu desajeito parece até não ter jeito
Mas o meu peito continua cheio de flor
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